Salmo 104
by Rev. Moacir Gabriel
by Rev. Moacir Gabriel
O paralelismo entre o salmo e a narrativa da criação parece ser um consenso entre os comentaristas de que disponho, de modo que foi natural apontar Gênesis 1.1-fim - 2.1-2 como leitura auxíliar. O salmo é muito claro no seu propósito e dispensa digressões, mas chama a atenção o anticlímax do último versículo: "Sejam os pecadores eliminados da terra e deixem de existir os impios". Embora seja evidente que diante da magestade divina - tão bem descrita no salmo - não haja lugar para o pecado e a impiedade, o que causa incômodo é a ideia do salmista não se ver como um pecador. Soa um tanto pretencioso da parte do salmista - e digo dos salmistas em geral - quase sempre apontarem o pecado como característica do outro. Se sou eu a escrever um salmo desses, não teria essa coragem, talvez dissesse à luz da Cruz de Cristo: "Senhor, tende piedade de mim, pois sou pecador e ímpio". Afinal, se eu disser ou insinuar que não tenho pecado estaria fazendo de Deus um mentiroso, não é mesmo? Pode ser, não entanto, que o salmista tenha dado esse brado ao final do salmo como um alerta a todos, incluindo a si próprio.