Salmo 102

Uma vez que "Não se sabe quem foi o autor nem quando viveu" (J. A. Motyer), permito-me dizer: bem que poderia ter sido escrito por alguém como Jó, pois o estado anímico do eu lírico do salmista é muito paracido com o abandono sentido por essa personagem tão emblemática. Esse estado anímico conheço bem. Depois que a gente chega aos quarenta mergulhado em profundo e incontestável fracasso, expressões como "Esvaem-se meus dias como fumaça", "Meus dias são como sombras crescentes" e "sou como a realva que vai murchando" tomam uma dimensão vívida, concreta. Para gente como o salmista desconhecido, como Jó e como eu, a única esperança só pode mesmo ser aquele que não murcha jamais.